Em 1972, quando se realizou a primeira competição de Spacewar! na Stanford University, nos E.U.A., seria difícil prever que os eSports se viriam a tornar tão populares. Pouco depois, durante a década de 1980, as competições de jogos eletrónicos foram ganhando adeptos junto dos gamers, tendo vindo a adquirir progressivamente um caráter profissional.
Na realidade, estas competições levam verdadeiras multidões de espetadores para as grandes arenas, para assistir a torneios. Nestes eventos, as emoções são levadas ao rubro e os prémios arrecadados pelos vencedores, que rondam facilmente os milhares de euros e fazem sonhar todos aqueles que em suas casas não vivem sem os videojogos, ainda que apenas por entretenimento.
eSports em Portugal
Em Portugal, os eSports têm, para além de fãs, vários praticantes reunidos nas equipas League of Legends Portugal, Grow uP Gaming, FTW, ESPL, FRAGlíder e K1ck. No entanto, o crescimento da atividade aparenta ser discreto, quando comparado com o que acontece a nível internacional. Devemos, no entanto, suspeitar desta pacatez, que pode muito bem ser baseada na simples inexistência de informação.
Recordemos que em Espanha o elevado número de espetadores e patrocinadores da atividade levou à criação da Liga de Videojuegos Profesional (a Liga Profissional de Videojogos), que conta com 35 clubes profissionalizados, com direito até a canal televisivo próprio. Esta grande adesão levou Espanha a analisar a atividade e a regular o mercado de apostas associado à mesma. Assim, no país vizinho, os eSports estão equiparados às modalidades desportivas convencionais em muitos aspetos, inclusivamente no plano legal do mercado de apostas, visto que da regulamentação da atividade nasceram 5 licenças para a disponibilização de apostas em eSports, muito semelhantes às apostas desportivas.
Legislar ou talvez não?
Ora, estamos convencidos de que os eSports e as respetivas apostas alcançariam em Portugal o mesmo tipo de sucesso que em Espanha, desde que lhes fosse dada a devida atenção e visibilidade. Numa primeira fase, tal deveria passar, no nosso entender, por uma análise e reflexão profundas da atividade e mercado de apostas a ela associado, seguida de regulamentação estatal, da mesma forma que ocorreu no setor do jogo online e das apostas desportivas comuns, e também à semelhança do que aconteceu em Espanha.
Para ponderarmos de forma conveniente sobre esta situação, devemos salientar duas realidades incontornáveis:
- A atual ausência de regulamentação sobre o mercado de apostas ligado à atividade não corresponde necessariamente à inexistência de um mercado de apostas não regulado e ilegal e
- As apostas em sítios legalizados são, por norma, as únicas seguras e que garantem justeza de resultados.
Na verdade, ao abster-se de legislar, o Estado poderá estar a submeter os cidadãos a situações de risco em sítios de apostas ilegais em eSports. Além do mais, caso esta análise confirme que em 2017 o setor dos videojogos atingiu, de facto, um valor na ordem dos 105 milhões de euros em Portugal, conforme sugere a Statista, talvez fosse rentável para o Estado investir em legislação e em licenças de entidades operadoras também para este setor. Estamos certos de que os grandes patrocinadores e marcas viriam atrás das multidões que atualmente já enchem a Altice Arena, por exemplo, em torneios como o Moche XL ESPORTS. Por todas estas razões, avancemos para a necessária regulação das apostas em eSports.